Sim, estamos em uma pandemia. Nossa rotina virou de cabeça para baixo.
Então, lembrei dela. Eu escrevi sua história de vida há alguns anos atrás, em 2008. Hoje, resolvi compartilhar com você.
Então, lembrei dela. Eu escrevi sua história de vida há alguns anos atrás, em 2008. Hoje, resolvi compartilhar com você.
Eram outros tempos...
Nizete Fontoura Slompo, D. Nizete, como a chamo.
Enquanto solteira era conhecida pelo nome de Nizete Martins Fontoura e adotou o sobrenome Slompo após casar-se com Antonio Noir Slompo.
Nasceu em Guarapuava-PR, aos 06 dias do mês de maio do ano de 1942 .
Casou-se aos 20 anos, em 20 de abril de 1963.
Nizete pensou que seus sonhos tinham começado a se concretizar. Como a maioria das moças daquela época, tinha tudo o que sonhou ter. Um lar, uma linda casa e status social.
Tempos depois, vieram os filhos, Paulo Maurício e Ana Paula. O que mais poderia querer?
Tinha tudo o que uma mulher poderia desejar.
Os dias ensolarados não davam sinais da tempestade que estava por vir.
De forma trágica e traumática ficou viúva aos 28 anos, com seus dois filhos bem pequenos, Paulo, com seis anos e Paula, com dois.
Os dias, então, tornaram-se nublados. Foi julgada, incompreendida, e, de repente, se viu só e sem recursos.
Mas, é em momentos assim que a escolha de como enfrentar nossas lutas faz toda a diferença. Ela escolheu passar pela tempestade ao invés de deixar-se levar por ela.
Embora possuísse capacitação para o magistério, Nizete, ao se casar, optou pela vida do lar. Para sustentar sua casa, começou a costurar. Passou a dividir a casa com sua mãe.
E aí, sabe aquelas coisas que acontecem e a gente acha que não sabe o motivo? Pois é.
Um vizinho, por conhecê-la e acompanhar sua luta para sustentar os filhos, ofereceu-lhe emprego na Prefeitura de Guarapuava.
Era a oportunidade de dar mais um passo em direção a uma vida melhor. Sua jornada aumentou. Costurava e cumpria seu horário na parte administrativa da merenda escolar do município.
Foram dias difíceis!
Mas, os sonhos antigos deram lugar a novos sonhos. Dedicou-se e foi reconhecida!
Promovida à supervisora da merenda escolar no município, foi convidada para coordenar a campanha nacional da alimentação escolar regional, abrangendo nove municípios do Paraná. Foi pioneira na utilização da soja como ingrediente na alimentação escolar. Criou receitas e técnicas para o aproveitamento máximo do grão. Viajou por vários estados ministrando cursos sobre a matéria.
À medida que os sonhos iam se realizando, descobriu que era possível continuar sonhando.
Em 1979, inscrições para um concurso no atual INSS.
- Vou fazer e vou passar - pensou. Mas, como? Não tinha dinheiro para comprar apostilas ou frequentar cursos preparatórios. O que fazer? Desistir?
- Ah, não! Desistir, não!
Descobriu uma apostila antiga na casa de uma amiga. Era do concurso anterior. Não se fez de rogada. O tempo que lhe restava entre os cuidados da casa, costura e trabalho era dedicado aos estudos. Nizete ainda somava recursos para ajudar o irmão que estudava medicina.
Todo o seu esforço foi recompensado. Em 1980, submeteu-se à prova do concurso e foi classificada em 36º lugar.
Era oficialmente uma servidora da União.
Mas ainda não era suficiente para dar aos filhos aquilo que almejava. Aceitou, pela sua reconhecida capacidade, um convite para ser diretora de escola.
Jornada quádrupla.
Durante o dia cumpria sua jornada de trabalho como servidora federal. Mas, não saía sem deixar o almoço pronto. Jornada diurna concluída, assumia a direção da escola em horário noturno. Finda mais uma jornada, era hora de dedicar-se à maquina de costura e passar um tempo com seus filhos. Era mãe, pai, servidora, diretora e costureira.
- D. Nizete! Não se arrepende? Perguntei. Fico tonta só de pensar.
- Não! Ela responde.
Conseguiu dar aos filhos a melhor educação da época.
Hoje, é servidora inativa da União.
D. Nizete é uma pessoa simples e alegre. Ama a vida e deixou no passado aquilo que poderia derrotá-la.
Exemplo de determinação e coragem.
D. Nizete é minha sogra.
Ah, e continua sonhando...
3 comentários:
Eu sou supeito em falar, uma vez que D. Nizete é minha mãe. Cresci vendo sua força e determinação, sua garra, encontrando nas migalhas, material para construir um castelo. Com certeza, o mundo seria infinitamente melhor se houvesse nele mais Nizetes. A quem honra, honra.
Resolvi publicar aqui um e-mail que a "Tia Sueli" enviou para o Paulo.
"Acabamos de ver , eu e Dani o que a Raquel escreveu sobre a Nize. Choramos. Como irmã digo mais. Nizete sinônimo de fibra,valentia, "implicância", esteio de familia(desde criança).
Fui criada por ela. Soube da adversidade fazer vitória. Paulão e Ana Paula, só ela conseguiria fazê-los especias como são. Não ficou satisfeita e partiu pra próxima geração. Ana Clara e PJ, serão criaturas maravilhosas e vitoriosas pois a mão da Nize esteve e está ali.
Bjos"
D. Nizete,
obrigada pela sua história de luta, garra, sabedoria, amor, coragem...
Você é uma mulher guerreira e mãe muito especial.
Com esses exemplos de vida é que me dá força para jamais desistir de lutar dos meus sonhos.
Beijos
Si
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