Oi, você que está roendo as unhas de tanta ansiedade, que já nem está dormindo direito, que apostou tudo, que precisa desesperadamente ser aprovado e convocado. Eu já passei por isso e sei como é.
Muitos alunos já conhecem essa história, mas não foi fácil. Por isso creio, de verdade, que além do nosso esforço, nossa hora tem que ser agora. Não era meu primeiro concurso. Tinha sido aprovada em outros, mas não fui convocada. Achei um anúncio minúsculo na Folha Dirigida informando sobre um concurso para o TJRJ. Precisava desesperadamente daquele cargo. Não tinha mais dinheiro, morava com meus pais... Precisava de uma virada radical. Eu morava em Itaguaí e minha prova foi em Angra dos Reis. Lá fui eu. No dia da minha prova, eu achava que tinha esquecido tudo o que havia estudado. Ao terminá-la, minha cabeça parecia pesar uma tonelada. Surpresa!!! Para ser aprovada na primeira fase, eu precisava acertar 50% da prova. rsrs
Acertei a maioria absoluta: metade + 1. rsrs
Logo viria a segunda fase. Datilografia. Pense só!!! Meu irmão arranjou uma máquina emprestada e eu resolvi datilografar toda a Constituição Federal. rsrs Passei um mês nessa tarefa. No dia da prova, meu Deus, o barulho das teclas das outras máquinas era ensurdecedor. Eu me achava uma tartaruga competindo com as lebres. "Tec... Tec... Tec..." O relógio pulou acabando com meu sonho. Saí arrasada. Eu jamais poderia competir com aqueles dedos furiosos. O resultado. Comprei a Folha. Não conseguia abrir. Fui abrindo devagar, devagar... O medo tomando conta. Minhas mãos tremiam... Não!!! Meu nome!!! Meu nome!!! Meu nome estava em vigésimo nono lugar para 25 vagas!!! Nem sei quanto pulei.
Quando fui entrar em exercício tinha acabado de fazer uma cirurgia, mal podia andar, estava cheia de pontos. Ouvia chamarem meu nome e ia caminhando pelo corredor do auditório lentamente. Erguia minha mão e pedia que esperassem, eu estava chegando. Minha vontade era correr. Não podia!!! Pensava que se não chegasse logo, eles chamariam outro nome e eu perderia a minha vaga. Ouvia meu nome e pedia que esperassem. Eu estava chegando. A minha hora chegava.
Por isso, entendo você. A música que vou dedicar-lhe é antiga, faz parte da minha adolescência e juventude, mas gostaria que acreditasse que é possível, sim.