Não sei se tem irmãos chamados Rubem, Simeão, Levi ou Benjamim.
Não sei se é o décimo primeiro de doze filhos.
Não sei se é judeu, islâmico, católico ou protestante.
Não sei se é sonhador ou interpreta sonhos.
Não sei se foi administrador de uma grande terra, como por exemplo, o Egito.
Não sei sé é um dos preferidos de seu pai.
Mas sei que seu nome significa "o que acrescenta" e que, como meu pai, também é José.
Sei que renova suas forças todos os dias para se fazer apresentar a nós, expectadores, com o mesmo rosto forte e digno, o mesmo sorriso.
Sei que cada vez que o vejo, o reverencio como a um bravo guerreiro e cada vez o admiro mais.
Sei que há de ficar em minha mente para o resto da vida, fará parte da minha história e será mais um herói.
Cada batalha que trava, meu coração se aperta, mas logo o vejo ali, imbatível e assim será, pois um gigante não foge à luta, mesmo que desigual, ainda que para enfrentar um gigante ainda maior, inesperado, devastador.
Mas ele tem dito muito mais, ainda que nenhum som saia de seus lábios. Basta olhar para ele.
Trecho de uma entrevista à Revista Veja:
O agravamento da doença lhe trouxe algum tipo de reflexão?
A doença me ensinou a ser mais humilde. Especialmente, depois da colostomia. A todo momento, peço a Deus para me conceder a graça da humildade. E Ele tem sido generoso comigo. Eu precisava disso em minha vida. Sempre fui um atrevido. Se não o fosse, não teria construído o que construí e não teria entrado na política.
É penoso para o senhor praticar a humildade?
Não, porque a humildade se desenvolve naturalmente no sofrimento. Sou obrigado a me adaptar a uma realidade em que dependo de outras pessoas para executar tarefas básicas. Pouco adianta eu ficar nervoso com determinadas limitações. Uma das lições da humildade foi perceber que existem pessoas muito mais elevadas do que eu, como os profissionais de saúde que cuidam de mim. Isso vale tanto para os médicos Paulo Hoff, Roberto Kalil, Raul Cutait e Miguel Srougi quanto para os enfermeiros e auxiliares de enfermagem anônimos que me assistem. Cheguei à conclusão de que o que eu faço profissionalmente tem menos importância do que o que eles fazem. Isso porque meu trabalho quase não tem efeito direto sobre o próximo. Pensando bem, o sofrimento é enriquecedor.
Essa sua consideração não seria uma forma de se preparar para a morte?
Provavelmente, sim. Quando eu era menino, tinha uma professora que repetia a seguinte oração: "Livrai-nos da morte repentina". O que significa isso? Significa que a morte consciente é melhor do que a repentina. Ela nos dá a oportunidade de refletir.
O senhor tem medo da morte?
Estou preparado para a morte como nunca estive nos últimos tempos. A morte para mim hoje seria um prêmio. Tornei-me uma pessoa muito melhor. Isso não significa que tenha desistido de lutar pela vida. A luta é um princípio cristão, inclusive. Vivo dia após dia de forma plena. Até porque nem o melhor médico do mundo é capaz de prever o dia da morte de seu paciente. Isso cabe a Deus, exclusivamente.
O senhor se deu conta da comoção nacional que tem provocado?
Não há fortuna no mundo capaz de retribuir o carinho dos brasileiros. Sou um privilegiado. Você não imagina a quantidade de manifestações afetuosas que tenho recebido. Um dia desses me disseram que, ao morrer, iria encontrar meu pai, falecido há mais de cinquenta anos. Aquilo me emocionou profundamente. Se for para me encontrar com mamãe e papai, quero morrer agora. A esperança de encontrar pessoas queridas é um alento muito grande – e uma grande razão para não ter medo do momento da morte.
Se recebesse a notícia de que foi curado, o que faria primeiro?
Abraçaria a Mariza e diria: "Muito obrigado por ter cuidado tão bem de mim".
Um grande abraço meu Vice-Presidente.
Raquel Tinoco Slompo
Foto: http://veja.abril.com.br