Talvez você não a conheça, mas é uma linda história bíblica, um relato de fé além da razão. Lembrei de quase dois anos atrás, quando também tive que escolher entre a fé e a razão.
Vou contar para você:
Era uma vez um homem chamado Abrão, cujo nome significa "Pai Exaltado". Nasceu em Ur dos Caldeus, populoso e adiantado centro da Mesopotâmia do sul (350Km a sudeste da moderna Bagdá), no ano de 2165 a.C.
Um dia, Abrão teve um encontro com Deus e recebeu a seguinte ordem: "sai da sua terra, dentre os seus parentes e vai para uma terra que Eu lhe mostrarei. Eu farei de você uma grande nação, Eu o abençoarei e engrandecerei o seu nome. Mais ainda, Eu abençoarei todos aqueles que o abençoarem e Eu amaldiçoarei todos os que o amaldiçoarem. Por você serão benditas todas as famílias da terra. Vai e seja uma bênção."
Imagine!!! Ouvir uma voz sei lá de onde, de alguém que você sequer conhecia, receber uma ordem para ir para uma terra que ainda seria mostrada, sabe-se lá a que distância e obedecer, sem nem mesmo questionar???
Ah, sei lá, acho que eu faria umas cem perguntas, talvez mil. Deus ia ficar bem irritado comigo, talvez até fizesse uma cara de impaciente e desistisse de me escolher.
Mas aquele Abrão foi sem perguntar nada. Simplesmente foi. Chamou sua mulher Sarai, seu primo Ló, pegou todos os seus pertences e lá se foram para a terra prometida. Abrão e Sarai não tinham filhos.
Durante toda a sua caminhada, Deus jamais o deixou. Mas Abrão era como eu e você, tinha seus medos, inseguranças e começou a duvidar que dele sairia uma grande nação. Ele e Sarai já estavam velhos e nada de filhos. Mais uma vez Deus se fez ouvir: "não tenha medo, Eu sou o seu escudo e sua recompensa será muito grande."
Dessa vez Abrão não resistiu. Questionou: "Senhor, não me deu descendência, continuo sem filhos."
"Abrão, vai lá fora, olhe para o céu e conte as estrelas, se é que pode. Assim será a sua descendência."
E mais uma vez ele acreditou, sem mais questionamentos.
Muito tempo depois, Abrão já com cem anos e Sarai, com noventa, as dúvidas voltaram. Deus lhe propõe uma aliança. Muda seu nome para Abraão (pai de multidão) e o de sua esposa para Sara (princesa) e promete-lhes um filho que nasceria logo.
Cumpre-se a promessa e nasce Isaque, que significa "riso". Isaque era o filho da promessa. Festa, alegria... Sara era mãe contra todas as expectativas. Isaque era sua herança, seu filho amado.
A história não termina aqui. Chega o dia em que Deus põe à prova a fé de Abraão. Ordena que ele pegue Isaque, seu único filho com Sara e o ofereça em holocausto.
Ah, não!!! Essa não!!! Depois de tudo o que passei... matar meu próprio filho??? Pode parar!!! Seria essa a minha reação.
E agora? A fé ou a razão?
Abraão escolheu a fé. Conhecia seu Deus. Sabia que todas as promessas até ali tinham sido cumpridas, todas as promessas... Levantou-se, madrugada ainda, acordou seu querido Isaque e foi com ele para o local do sacrifício. Caminharam lado a lado por três dias e somente Abraão sabia do motivo de estar ali. Deixaram os outros que os acompanhavam e subiram sozinhos ao local do holocausto. Isaque estranhou. "Pai, onde está o cordeiro que será sacrificado?" Coração sangrando, a resposta: "Deus proverá, meu filho."
Chegam ao local, Abraão prepara um altar, amarra seu filho, o coloca sobre a lenha e pega um cutelo para matá-lo. Era a escolha mais difícil de sua vida. Quando ia golpear Isaque, uma voz. Abraão olha para o céu e vê um anjo. "Não faça isso!!! Agora sei que acredita mesmo em Deus. Não Lhe negou nem mesmo o próprio filho!!!"
Todas as promessas foram cumpridas em Abraão e sua descendência tornou-se próspera e abundante.
Há quase dois anos atrás tive que escolher entre a fé e a razão. A razão dizia que minha mãe deveria ser internada para mais uma sessão de hemodiálise, sob pena de morte. A fé dizia para não ouvir e retirar de seu braço o único acesso para a terapia, sob pena de amputação. Sabia que Deus daria o escape. Escolhi a fé.
Sempre recebo e-mails e mensagens de alunos desiludidos, sem esperança, cansados, quase desistindo. Alguns já desistiram.
A lição da fé é simples: a fé produz a paciência, e a paciência, a esperança!!!