Era manhã de um domingo de sol. O ano? 1994.
Eu estava na igreja e o culto estava prestes a terminar.
Eu estava na igreja e o culto estava prestes a terminar.
Logo após o culto, o ensaio do coro estava programado.
Um domingo comum, até aquele momento.
O culto terminou, estávamos nos despedindo daqueles que iriam para suas casas e eu convocava os coristas que ficariam para o ensaio.
Mais uma corrida de fórmula 1. Estávamos ansiosos pelo resultado.
As corridas se tranformaram, para nós, em dias de celebração. Eu, que antes não suportava aquele barulho dos motores, agora ficava ali, olhos atentos, esperando o final e, claro, a vitória.
Mas, naquele domingo não veria a largada e nem mesmo o resultado. Assistiria mais tarde nos melhores lances.
Alguns membros retornaram de suas casas, um burburinho em frente ao portão da igreja. O que teria acontecido? Parecia algo grave.
Me aproximei.
A notícia: "Raquel, Ayrton Senna sofreu um acidente, parece que é grave. Está sendo socorrido."
Lógico. Devia ser uma brincadeira!!
Olhei para quem me anunciava a tragédia e respondi. "Ah, até parece que é verdade. Não brinque com isso."
O olhar de tristeza me convenceu.
Me sentei em um dos bancos e orei. Pedi a Deus que não o deixasse morrer!!! Aliás, supliquei com todas as minhas forças!!! Estranhemente, um sentimento de dor tomou conta de mim.
Estranhamente porque Ayrton era alguém que eu conhecia apenas das telas da televisão. Mas ele havia se tornado, não só para mim, sinônimo de patriotismo, de amor ao Brasil. Era um guerreiro.
Cada corrida me levantava do chão, me enchia de esperança, me dava a certeza de que poderíamos superar todas as coisas. Ele me inspirava a seguir.
Ayrton, para mim, e depois descobri, para todos ou quase todos os brasileiros, tinha mais um sobrenome: Superação!!!
Não sabia, contudo, que àquela hora, minha oração já devia ser outra, pois Ayrton já estava morto.
Mais tarde, a confirmação. Chorei, chorei, chorei... E ainda hoje, cada vez que ouço sua música, seu tema, sinto saudades, muitas saudades.
As corridas? Não vi mais.
Entretanto, como toda história de vitoriosos, daqueles que se superam e usam as adversidades como combustível, a morte é simplesmente mais um meio de viver.
Os sorrisos, as frases, os gestos não se encerram ali e, surpreendentemente, essas pessoas conseguem fazer muito, mesmo depois de já não estarem mais em nosso meio.
É assim com Ayrton, sua morte é sinônimo de vida. Sua trajetória é inspiradora!!!
Eu sei que não é preciso morrer para que se construa algo. Mas, muitas vezes a morte de uns é a pedra fundamental, o marco inicial para dar vida a outros.
Hoje, a imagem de Ayrton leva vida a muitas crianças e adolescentes. Um antigo sonho do piloto tornou-se realidade através do Instituto Ayrton Senna - http://senna.globo.com/institutoayrtonsenna/br/default.asp
Eu? Continuo sentindo saudades.
Foto: http://images.google.com.br/