Hoje, no "Histórias de Sucesso" entra em cena Dayana. Eu a conheço apenas pelo blogue, orkut e msn, mas percebi que é uma vencedora. Conversávamos ontem no msn quando começou a contar um pouco de sua história. Pedi permissão para compartilhá-la com vocês. Ei-la:
"Minha história começa assim....
Como muitos adolescentes sempre fui uma jovem sonhadora.
Quando estava prestes a terminar meu curso técnico em eletrotécnica no CEFET-RJ, passei por uma prova de fogo. Eu era uma das poucas meninas com esse curso e na hora da escolha de uma vaga para estágio eu sofria, pois a preferência era sempre masculina.
Mesmo diante de tanta dificuldade eu não desisti. Foi quando surgiu uma oportunidade no Parque Gráfico do Jornal O Dia.
Numa das primeiras seleções percebia que mais uma vez não conseguiria, pois, de novo a preferência era masculina.
Não esperava seguir em frente para a última fase da seleção que seria com um engenheiro.
Para minha surpresa, depois de duas semanas fui convocada – a única menina!!!
Os garotos que estavam na seleção pensavam que eu não fosse conseguir. Surpresa!!! Fui aprovada.
Fui a primeira mulher a fazer estágio na área de manutenção das máquinas rotativas.
Foi uma fase muito boa. Entretanto, sem perspectiva de emprego assim que terminasse meu estágio fui impulsionada a fazer a prova para Sargento da Aeronáutica.
A partir de então, fazia meu estágio ( 8 horas diárias ) e comecei a pagar meu curso. Foi uma época muito difícil, pois meu pai não me incentivava. Ele dizia que eu não era capaz, que a prova era muito difícil, uma vez que o concurso era de nível nacional e oferecia pouquíssimas vagas.
Apostei no meu sonho. Muitos falavam que eu era louca, que era muito difícil, que eu não ia conseguir. Enfim, ouvi de tudo!!!!
Na época fazia grupo de estudos em minha casa. Meu pai além de me desanimar ainda contagiava meus amigos dizendo que era perda de tempo. Mas cada palavra ministrada pelo meu pai surtia um efeito contrário.
Aquilo para mim era uma injeção de ânimo. Eu tinha mais força para estudar, mais e mais. Eu sempre gostei de ensinar português para meus amigos do curso e eles sempre pediam. Aprendi muito com isso.
Repartir o conhecimento, ao contrário do que muitos pensam é muito saudável e faz com que fixemos o conhecimento.
Enfim, chegado o grande dia eu fiz a prova, senti um alívio. Eu sentia dentro de mim que eu já estava aprovada.
Esperei por três meses o resultado. Quando vi a minha classificação: 8° lugar, em 22 vagas.
Pulei de alegria, chorei, gritei. Foi um dia de grande emoção!!!
Meu pai ficou surpreso com minha aprovação.
Fui para Guaratinguetá – interior de SP. Passei cinco meses em curso. Foram cinco meses de muito aprendizado e superação.
Certo dia, quando voltava de uma instrução eu peguei muita chuva, fui jantar no rancho ensopada com água da chuva. Não havia tempo de me trocar. No dia seguinte estava com muita febre e dores pelo corpo.
Fui ao posto médico e me receitaram remédio para diminuir a febre, pois ela retornava todas as noites. Ficava ensopada de suor.
Em um final de semana, voltei ao RJ para visitar meu pais. Ainda me sentia mal e resolvi ir ao médico. Ele pediu um raio X e constatou pneumonia e água na pleura. Já foi logo me internando e disse que eu tinha que ficar internada em torno de duas semanas no mínimo. Entrei em desespero. Era muito tempo!!! Como? Eu? Internada? Chorava todas as noites. Nunca tinha ficado em um leito de hospital. Foi a pior época da minha vida.
A Escola queria me desligar do curso. Eu queria jogar tudo para o alto. Estava mal. Justo na época de acampamento militar e testes físicos??
Meus familiares viram o quanto eu estava mal. Me davam força. Eu estava muito magra e debilitada...
Mas não parava de estudar. Lia as minhas apostilas ali mesmo no hospital. Eu queria ir embora.
E Deus concedeu-me uma benção. Em uma semana estava recebendo alta.
O médico ficou espantando com minha recuperação. Todos os dias eu tirava sangue, fazia fisioterapia pulmonar (eu nem sabia que isto existia). Me recuperei, mas não podia correr e nem fazer esforço físico.
Voltei para Guará, meus amigos me receberam muito bem e me ajudaram bastante. Não podia participar dos corridões e isto me preocupava porque o teste físico se aproximava.
Após uma semana de alta, passei a correr. Era desconfortável porque sentia falta de ar. Tudo seqüela da pneumonia. Mas uma força que eu conhecia muito bem me impulsionava. Meus amigos se surpreendiam.
Eu tinha que correr, mesmo com aquela maldita falta de ar.... Eu pedia a Deus para me sustentar...
Chegou a fase do acampamento, eu estava lá. Quatro dias sem tomar banho, dormindo mal, me alimentando mal, com carrapatos pelo corpo, tendo instruções até à noite.
Pensei que eu fosse morrer quando entrei no charco e comecei a afundar, quanto mais me movia, mais afundava...
Mas graças a Deus, VENCI essa etapa. Depois veio o temido teste físico. Eu estava muito receosa. Não corria como antes da pneumonia. Mas fui em frente. Mesmo cansada e com respiração ofegante eu conseguir vencer mais uma etapa. Fiquei com nota máxima em todos os exames físicos!!!
No final do curso chega a fase da escolha das vagas. Havia rumores de que não abririam vagas para a minha especialidade no RJ. Eu não queria ir para Manaus e nem para qualquer outro estado.
Eu queria o Rio. Orei muito e para a honra e glória do Senhor as vagas foram abertas no RJ. Muito além do previsto!
Hoje estou servindo no Rio de Janeiro.
Aprendi a confiar e descansar no Senhor.
Aprendi a confiar em mim mesma.
Aprendi que quando queremos algo, temos que lutar por ele – não importa o nível de dificuldade, não importam os obstáculos no meio do caminho, sempre há alguma forma de contorná-los.
Mesmo enfrentando dificuldades, mesmo com palavras negativas eu acreditei no meu sonho e isso fez toda a diferença para meu sucesso!
Dayana da Silva Sales (militar e estudante de Direito)."
Ah, tem mais, Dayana continua sonhando e quer seguir em frente. Ainda não desistiu.
Um abraço Dayana, obrigada pela lição de vida. Deus a abençoe. Não desista nunca!!!