Quem vê o médico americano Patch Adams com nariz de palhaço e cabelos coloridos pode achar que ele acabou de sair de um circo.
É quase isso.
Há três décadas, Adams transforma os quartos dos hospitais que visita em um verdadeiro picadeiro.
Sua especialidade é animar pacientes com brincadeiras para reduzir o sofrimento deles.
A vida de Adams foi retratada em 1998 no filme "O Amor É Contagioso", com o ator Robin Williams no papel principal, e serviu de inspiração para o surgimento de vários grupos doutores da alegria, espalhados pelo mundo.
Adams defende sentimentos como humor, compaixão, alegria e esperança no tratamento de pacientes e diz que o medo que os médicos têm de cometer erros destrói a relação médico-paciente.
Aos 58 anos, Adams dirige o Instituto Gesundheit (saúde, em alemão), nos Estados Unidos, que atende pacientes de graça.
Hunter "Patch" Adams nasceu em 28 de maio de 1945 em Washington, distrito de Columbia. No fim da adolescência, não se preocupava com ninguém.
Aos 16 anos de idade, devido à morte de seu pai, ao suicídio de um tio muito querido e ao fim de um namoro, começou a ficar obcecado pela idéia de morrer. Chegou a tomar vinte aspirinas de uma só vez e tentou pular de um precipício.
Até que um dia pediu à mãe que o internasse em um sanatório mental.
Lá, conheceu gente que estava tão pior que ele que fez sua dor parecer trivial.
Eram pessoas que sempre viveram com raiva e desespero. Essa experiência o fez perceber quanto as emoções podem influenciar em nossa vida, seja de forma positiva ou negativa.
A partir de então, começou a dar mais importância aos sentimentos das pessoas.
Patch descobre que deseja ser médico, para poder ajudar as pessoas.
Nos anos 60, um de seus melhores amigos foi assassinado. Dois anos depois, ingressa na faculdade de medicina de Virginia, onde se tornou conhecido pela sua conduta excessivamente feliz e apaixonada pelos pacientes.
Ao término da faculdade, em 1972, fundou o Instituto Gesundheit.
Em 1980 adquiriu 317 acres de terra montanhosa em West Virgínia para a implementação física do instituto, o qual presta assistência sem nenhum tipo de cobrança financeira.
Após se formar, seus métodos poucos convencionais, de usar amor e carinho como armas para ajudar as pessoas hospitalizadas, causam inicialmente espanto, desconfiança e ciúme dentro da própria classe médica, mas aos poucos ele vai conquistando a todos.
Chegou à conclusão que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente amor.
Convencido da conexão poderosa entre o ambiente e o bem estar, acredita que a saúde de um indivíduo não pode ser separada da saúde da família, da comunidade e do mundo.
Patch acredita que a sociedade exige do médico que ele aja como se fosse um Deus. Espera-se que ele faça milagres e não erre nunca. Isso é impossível. Como todo ser humano, o médico pode errar. Essa idéia de que o médico tem de ser perfeito também prejudica a relação com o paciente. Faz com que este coloque toda a responsabilidade do que ocorre com ele nas mãos do médico. E isso é errado. O paciente é mais responsável pela própria recuperação do que o médico que o está tratando.
A maioria dos problemas de saúde ocorre por causa do estilo de vida inadequado do paciente, pelo sedentarismo e pela má alimentação. O médico geralmente só é procurado quando a doença já está em estágio avançado. O grande problema é acreditar que a medicina e a ciência têm a resposta para todos os nossos problemas. Não é verdade, muitas vezes, a solução está em casa, nos pequenos hábitos do dia-a-dia.
A fé, em muitos casos, é mais importante que qualquer pílula ou intervenção cirúrgica. O paciente com fé tem uma capacidade maior de entrega, o que lhe traz conforto em todas as situações. Isso também vale para os familiares de doentes. Quando comecei a trabalhar como plantonista em hospitais, descobri que as famílias que seguiam alguma religião se sentiam mais calmas quando rezavam do que quando tomavam algum tranqüilizante. A partir daí, procurei sempre descobrir se os familiares do paciente seguiam alguma religião. Em muitos casos, até rezava com eles.
Ele costuma dizer que é mais palhaço do que médico. "Como médico, só posso tratar os pacientes quando eles têm algum problema de saúde. Já como palhaço posso alegrar as pessoas em qualquer lugar e a qualquer hora, independentemente de estarem elas doentes ou não. Além disso, ser palhaço é mais divertido."
Sonha com a paz mundial, não haver mais crianças de rua, ver as pessoas se ajudando mutuamente, todas as famílias se auto-sustentando. Tudo isso são sonhos. "Pode parecer utópico, mas acredito que seja possível. É por isso que faço o que faço. Eu trabalho o tempo todo para concretizar meus sonhos. Se eu não acreditasse, não faria nada disso."
Atualmente Patch e sua trupe de palhaços viajam pelo mundo para áreas críticas em situação de guerra, pobreza e epidemia, espalhando alegria, o que é uma excelente forma de prevenir e tratar muitas doenças. Além de médico, humorista, humanista e intelectual, Patch é também um ativista em busca da paz mundial. Segundo ele, seu intuito não é apenas mudar, através do humor, a forma como a medicina é praticada hoje. Patch traz uma mensagem de amor ao próximo que, se praticada por todos nós, certamente irá mudar o mundo para melhor. O filme mostra os conflitos que a medicina apresentava na época e continua ainda nos dias de hoje, apesar da semente plantada.
Patch Adams tem como filosofia de vida o amor, não apenas no âmbito hospitalar, mas em nossas relações sociais como um todo, independente de lugar. Tem por opinião que o objetivo do médico não é curar e sim cuidar. Cuidar com muito amor, tocando nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo...
No Brasil, um trabalho parecido é realizado pelos Doutores da Alegria.
Fonte: http://veja.abril.com.br/250204/entrevista.html
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Patch_Adams
Fonte: http://www.patchadams.org/pt-br
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