O corte de R$ 50 bilhões do orçamento da União deste ano, que poderá afetar a realização de concursos públicos do Executivo federal, não deverá atingir a nova seleção para o Banco Central (BC), para os cargos de técnico e analista.
Na visão de diversos especialistas, o governo não tem como deixar de autorizar novas seleções para o BC, já que a instituição, que possui papel estratégico na política econômica, passa por um grave problema de Recursos Humanos.
Conforme já foi anunciado pelo chefe do Departamento de Pessoas da instituição, José Clóvis Batista Dattoli, em entrevista realizada no início deste ano, até 2014, cerca de 43% dos 4.800 funcionários (aproximadamente 2.064 empregados) deverão se aposentar.
Dattoli acredita que a política de reposição de pessoal, iniciada no governo Lula, continuará na gestão da presidente Dilma Rousseff. "Em 2011, podem sair quase mil servidores por aposentadoria. Consideramos os que vão adquirir condição de aposentadoria e os que já podem. Em 2010, saíram cerca de 330 por aposentadorias. Temos um grande volume de perdas e o Banco Central não pode paralisar as atividades", disse.
O chefe do Departamento de Pessoas ressalta que a situação é grave. "A situação é preocupante, por isso esperamos que o governo tenha condições de aprovar a continuidade. Minha expectativa é positiva", disse à época o chefe do Departamento de Pessoas do BC, que acredita que a autorização para a seleção possa sair ainda este ano, de forma que o concurso seja realizado em 2012.
Quem acredita que os cortes no orçamento não afetarão a realização do concurso para o BC é o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Sérgio Belsito. Ele lembra que o Ministério do Planejamento ficou de autorizar novos concursos para a instituição. "O Banco Central tem um programa plurianual e eles ficaram de autorizar mais um concurso para a gente. As admissões não poderão ser durante este ano, mas ele será autorizado para o ano que vem com certeza", destacou.
Para o sindicalista, as declarações da ministra Miriam Belchior são apenas uma medida de efeito, a fim de dar uma satisfação geral sobre os gastos públicos. Segundo ele, os interessados em ingressar no banco devem iniciar logo a preparação. "As pessoas que estão estudando não devem desistir, muito pelo contrário, elas terão mais tempo para estudar", frisou.
Belsito ressaltou também que os problemas de aposentadoria não afetam somente o BC, mas todo o governo federal e, por isso, muitos concursos irão acontecer. "Mais 90 mil servidores podem se aposentar nos próximos três anos. Ao fazer isso, o governo está criando um problema enorme e que não será sustentado por muito tempo, afinal de contas, as pessoas vão começar a abandonar o serviço público por conta das suas aposentadorias", finalizou.
Fonte: Folha Dirigida
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