Era domingo. Cléopas e seu amigo saíram de Jerusalém em direção a Emaús. Iam para casa.
Desolados, corações destruídos pelos últimos acontecimentos. Procuravam entender. Faziam perguntas um ao outro sem que as respostas viessem. O que ocorrera? Por que o mataram?
Cabisbaixos, falavam entre si.
Por vezes, lágrimas escorriam de seus olhos. Em suas mentes as imagens daquele dia terrível!!! A dor, a crueldade, a indiferença... Como tiveram coragem de maltratá-lo tanto?
Estavam tão perturbados que não conseguiram deixar Jerusalém até aquele momento. Três dias se passaram e eles permaneceram ali, com os outros seguidores, procurando respostas e chorando. Uns tentando consolar os outros.
Repetiam baixinho o seu nome, como para assegurar que jamais o esqueceriam.
Ainda teriam que caminhar aproximadamente onze quilômetros até que estivessem em casa.
Histórias se espalhavam por Jerusalém. Algumas mulheres foram visitar o sepulcro e o corpo não estava lá. Várias suposições.
Um peregrino se aproximou e juntou-se a eles. Olharam-no por um momento e o cumprimentaram.
O peregrino, interessado na conversa dos dois companheiros, perguntou-lhes: “que palavras são essas que, caminhando, trocam entre vocês e por que estão tristes?”
Cléopas apressou-se em responder: “É peregrino em Jerusalém, e não sabe as coisas que nela aconteceram nestes dias?”
- Quais?
- As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. Como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação e à morte e o crucificaram.
E nós, que esperávamos que fosse ele o que remisse Israel. Mas agora já é o terceiro dia desde que tudo aconteceu.
É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam. Foram de madrugada ao sepulcro e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto anjos, que diziam que ele vive. Alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro e constataram que as mulheres diziam a verdade, porém, a ele não viram.
O peregrino, surpreso, argumentou: “Não entendo. Não se lembram de tudo o que os profetas disseram? Não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?”
E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que do Messias se achava em todas as Escrituras.
Quando chegaram à aldeia para onde iam, a noite se aproximava. O peregrino despediu-se deles e intentou continuar sua caminhada.
Cléopas não permitiu. Insistiu para que ele ficasse. “Não vá, já é tarde e já declinou o dia. Fique conosco.”
O peregrino concordou. Cléopas apressou-se em preparar o jantar. Estavam todos à mesa e gentilmente solicitaram ao peregrino que tomasse o pão, o abençoasse e o partisse.
O peregrino tomou o pão, o ergueu e o abençoou. Num gesto familiar, começou a repartir o pão.
Não é possível!!! Cléopas olhou para o companheiro. Seu amigo estava estático, seu olhar fixo naquele gesto. Não podia crer no que via. Seria verdade, então? Seus olhos não o estavam traindo? Balançou a cabeça e dirigiu o olhar a Cléopas. Seus olhos se encontraram e perceberam que ambos tinham concluído a mesma coisa. Era Ele!!! Era Ele!!! Era o Mestre!!! Jesus, o Nazareno!!!
Dirigiram seus olhos ao peregrino, mas Ele já não estava mais ali. Fora embora.
Como puderam ser tão tolos? Não perceberam em suas palavras, durante todo o trajeto? Não reconheceram o olhar... a voz? Como puderam ser tão incrédulos? Ele havia dito que ressuscitaria. Como puderam ser tão cegos?
Não importa!!! Vamos, temos que voltar. Temos que contar a todos que Ele esteve conosco.
Cléopas e seu amigo retornaram a Jerusalém, mais onze quilômetros. Não conseguiriam dormir aquela noite. Precisavam ir. Seus corações ardiam.
Muitas vezes não O percebemos, mas Ele está conosco. Mais perto do que imaginamos. Muitas vezes, nossos olhos e corações, cegos de incredulidade, não nos deixam reconhecer nos gestos, na voz, no olhar, o Seu amor por nós.
Raquel Tinoco
Baseado em Lucas 24: 13-33.
Desolados, corações destruídos pelos últimos acontecimentos. Procuravam entender. Faziam perguntas um ao outro sem que as respostas viessem. O que ocorrera? Por que o mataram?
Cabisbaixos, falavam entre si.
Por vezes, lágrimas escorriam de seus olhos. Em suas mentes as imagens daquele dia terrível!!! A dor, a crueldade, a indiferença... Como tiveram coragem de maltratá-lo tanto?
Estavam tão perturbados que não conseguiram deixar Jerusalém até aquele momento. Três dias se passaram e eles permaneceram ali, com os outros seguidores, procurando respostas e chorando. Uns tentando consolar os outros.
Repetiam baixinho o seu nome, como para assegurar que jamais o esqueceriam.
Ainda teriam que caminhar aproximadamente onze quilômetros até que estivessem em casa.
Histórias se espalhavam por Jerusalém. Algumas mulheres foram visitar o sepulcro e o corpo não estava lá. Várias suposições.
Um peregrino se aproximou e juntou-se a eles. Olharam-no por um momento e o cumprimentaram.
O peregrino, interessado na conversa dos dois companheiros, perguntou-lhes: “que palavras são essas que, caminhando, trocam entre vocês e por que estão tristes?”
Cléopas apressou-se em responder: “É peregrino em Jerusalém, e não sabe as coisas que nela aconteceram nestes dias?”
- Quais?
- As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. Como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação e à morte e o crucificaram.
E nós, que esperávamos que fosse ele o que remisse Israel. Mas agora já é o terceiro dia desde que tudo aconteceu.
É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam. Foram de madrugada ao sepulcro e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto anjos, que diziam que ele vive. Alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro e constataram que as mulheres diziam a verdade, porém, a ele não viram.
O peregrino, surpreso, argumentou: “Não entendo. Não se lembram de tudo o que os profetas disseram? Não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória?”
E, começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que do Messias se achava em todas as Escrituras.
Quando chegaram à aldeia para onde iam, a noite se aproximava. O peregrino despediu-se deles e intentou continuar sua caminhada.
Cléopas não permitiu. Insistiu para que ele ficasse. “Não vá, já é tarde e já declinou o dia. Fique conosco.”
O peregrino concordou. Cléopas apressou-se em preparar o jantar. Estavam todos à mesa e gentilmente solicitaram ao peregrino que tomasse o pão, o abençoasse e o partisse.
O peregrino tomou o pão, o ergueu e o abençoou. Num gesto familiar, começou a repartir o pão.
Não é possível!!! Cléopas olhou para o companheiro. Seu amigo estava estático, seu olhar fixo naquele gesto. Não podia crer no que via. Seria verdade, então? Seus olhos não o estavam traindo? Balançou a cabeça e dirigiu o olhar a Cléopas. Seus olhos se encontraram e perceberam que ambos tinham concluído a mesma coisa. Era Ele!!! Era Ele!!! Era o Mestre!!! Jesus, o Nazareno!!!
Dirigiram seus olhos ao peregrino, mas Ele já não estava mais ali. Fora embora.
Como puderam ser tão tolos? Não perceberam em suas palavras, durante todo o trajeto? Não reconheceram o olhar... a voz? Como puderam ser tão incrédulos? Ele havia dito que ressuscitaria. Como puderam ser tão cegos?
Não importa!!! Vamos, temos que voltar. Temos que contar a todos que Ele esteve conosco.
Cléopas e seu amigo retornaram a Jerusalém, mais onze quilômetros. Não conseguiriam dormir aquela noite. Precisavam ir. Seus corações ardiam.
Muitas vezes não O percebemos, mas Ele está conosco. Mais perto do que imaginamos. Muitas vezes, nossos olhos e corações, cegos de incredulidade, não nos deixam reconhecer nos gestos, na voz, no olhar, o Seu amor por nós.
Raquel Tinoco
Baseado em Lucas 24: 13-33.
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