domingo, 1 de fevereiro de 2009

Histórias de Sucesso

É difícil acordar cedo, trabalhar durante todo o dia e à noite encarar as aulas?

Conheça o Ricardo.

A cidade está cheia de faixas parabenizando o campeão, aliás o bicampeão. Por isso, todos sabem o caminho da casa de Ricardo Oliveira da Silva: "É aquele garoto que ganhou as Olimpíadas e foi homenageado pelo Lula? Pois ele mora no Sítio Vacaria que fica no Ibicatu. É só seguir a indicação da placa na BR-230 como que vai pro Crato".

Ensinar é fácil, difícil é chegar na casa do menino prodígio, medalha de ouro, dois anos seguidos, nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Pública e também ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e Astrologia.

Uma estradinha estreita, cheia de barrancos, muito ruim para o tráfego. Imagine para a condução de um adolescente de 19 anos, que sofre de atrofia muscular espinhal, uma doença neurológica que mal lhe permite mexer os braços. É um transtorno quando chove e o garoto tem de ir à escola. Ele não tem qualquer movimento nas pernas e, para não perder as provas, seu pai, o agricultor Joaquim Oliveira da Silva, já chegou até a levá-lo num carrinho de mão. Mas, ao contrário do que se pensa, Ricardo é alegre, não reclama de sua deficiência física e nem da condição humilde que vive com o irmão e os pais na zona rural de Várzea Alegre, município a 466 quilômetros de Fortaleza. A família de Ricardo sobrevive da agricultura de subsistência. Seu Joaquim planta feijão, milho e mandioca.

Vinte e quatro horas dedicadas aos filhos. Dona Francisca Antônia da Conceição não se cansa. "Meu filho, está bom nessa posição? Quer ir para outro local?", pergunta para Ricardo.

O telefone toca e dona Francisca vai procurar uma posição, em torno da casa, que o sinal seja melhor: "É pra você, Ricardo. Estão querendo que você vá no gabinete do governador, meu filho, mas eu disse que só seu pai é quem resolve. Eles vão ligar depois". Essa mulher de 45 anos, não pára. E nem pode. "Depois que meu filho começou a ganhar as olimpíadas, é repórter, é autoridade, todos querendo falar com ele", diz orgulhosa. "Aquela menina do Fantástico (TV Globo) vem fazer a segunda reportagem com ele". Ricardo sorri ao seu lado.

Mas, enquanto o bicampeão das Olimpíadas Brasileiras de Matemática está ocupado na sessão de fotografias, ela começa a lembrar da difícil batalha que enfrentou quando ele era um bebê. "Não sabíamos o que ele tinha. Consultamos vários médicos e, por orientação de um deles, fomos para São Paulo tentar a cura, mesmo sem nenhum recurso. Foram 19 dias de internação no Hospital das Clínicas. Pra tomar banho, tinha de ser escondido dos médicos, porque era proibido. Mas não deixei meu filho nem um segundo sozinho".

As lembranças de uma batalha sem sucesso contra a doença do filho, fazem dona Francisca chorar. Ela disse que quando recebeu o laudo comprovando a atrofia muscular espinhal ainda tentou alguns anos de fisioterapia. "Foi quando ele pediu: 'mãe, eu não quero mais. Deixe como está' e eu aceitei a vontade do meu filho. Hoje me orgulho tanto dele. Aliás dos dois maravilhosos garotos que Deus me deu. Sou feliz, muito feliz!". Ela enxuga as lágrimas e dá um sorriso.

Alfabetizado pela mãe, Ricardo só conseguiu se matricular em uma escola aos 17 anos. Fez um teste e foi matriculado na antiga quinta série do Ensino Fundamental. Em 2008, cursava o oitavo ano (antes sétima série) na Escola Municipal Joaquim Alves de Oliveira.

Logo na primeira participação em Olimpíadas, a Estadual, ganhou medalha e já acumula sete, entre ouro e prata. Todas estão arrumadinhas, bem expostas no pequeno quarto de dormir que ele divide com o irmão Ronildo. Ao lado, os diplomas das premiações.

Com as muitas necessidades que um filho de agricultor tem, Ricardo surpreende a todos quando lhe perguntam o que ele mais precisa no momento: "Não preciso de nada. Mas se querem me dar um presente, tragam um livro". O garoto nem pensa num ambiente melhor e mais confortável para estudar. Para ele, está ótimo ficar debruçado no cimento da sala, rodeado de livros e apostilas de estudos.

É nessas condições que ele recebe os professores que o orientam nas disciplinas. "Ele não pode ficar em sala de aula. É cansativo, por isso enviamos os professores para a sua casa. Ricardo só vai fazer as provas", diz a diretora da escola Erileuza Gomes Jerônimo. A distância da casa de Ricardo até a escola é de um quilômetro e 100 metros.

O bicampeão vem surpreendendo e alegrando cada vez mais os pais e professores. Com os poucos livros que tem e o material didático enviados pelos professores de Iniciação Científica e da Coordenação Regional das Olimpíadas, ele faz cálculos surpreendentes. A mãe só lhe ensinou as operações básicas: somar, dividir, multiplicar e diminuir.

Os primeiros livros foram do irmão Ronildo, 15, que atualmente cursa o primeiro ano do Ensino Médio e também já recebeu medalhas de bronze, prata e ouro em Olimpíadas.

Para estudar em casa, os professores de Ricardo levam os livros das disciplinas e passam exercícios. Dias depois, voltam para pegar o material e levam os trabalhos corrigidos na vez seguinte.

Como prêmios de vencedor, Ricardo ganhou, um computador e um notebook. Ainda não tem Internet em casa. Aprendeu sozinho a mexer com informática. "Acho que com a Internet vai ser mais fácil estudar e se comunicar com os professores", diz. No Sítio Vacaria, é uma casa aqui, outra acolá.

Ricardo tem poucas oportunidade de sair porque depende do pai que passa o dia no roçado. É difícil até o contato por telefone celular. O sinal de telefonia é falho.

Mas para o adolescente, nada disso é empecilho para o seu grande sonho: tornar-se um matemático. E quem duvida?

Em 2008, Ricardo Oliveira da Silva foi condecorado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com sua segunda medalha de ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, ocorrida em 2007, um galardão destinado aos 300 melhores do País, numa disputa que envolveu 17,5 milhões de estudantes.

Ele disse que ficou emocionado quando todos se levantaram para aplaudi-lo no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. "Não consegui falar porque fiquei nervoso", disse.

"Muita gente tem defeitos piores, como a preguiça e o desânimo", discursou o presidente.

E agora?

Já cansou de prestar concursos e não ser aprovado?

Já cansou de encarar metrô, ônibus, vans e trens cheios?

Já cansou da Biblioteca Nacional, Estadual ou Municipal que tem à sua disposição?

Está zangado com as cobranças de seus familiares?

Está cansado de comprar livros e apostilas?

Não aguenta mais caminhar de casa ao ponto da condução e do ponto ao curso?

Não aguenta mais aquela matéria chata da Professora Raquel?

Não aguenta mais copiar matéria?

Não consegue mais olhar os livros?

Já desistiu de tudo? Está chorando pelos cantos e dizendo que não conseguirá?

Está ensaiando a melhor forma de dizer: "todo mundo passa, menos eu!"

Já pensou se D. Francisca não tivesse visto além das limitações de Ricardo? Já pensou se Ricardo se conformasse com suas próprias limitações? Já pensou se ele tivesse vergonha de ser carregado em um carrinho de mão? Não seria um vencedor e certamente, teria parado de sonhar.

Ainda está difícil de seguir em frente? Já disse que nossas realizações tem a mesma dimensão que os nossos sonhos.

Se quiser saber mais sobre Ricardo e sua família clique aqui

Fontes:
http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/771681.html
http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/771680.html
Foto 1: http://www.imprensa.planalto.gov.br
Foto 2: http://www.opovo.com.br/opovo/ceara/771680.html

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Tudo começou quando...

meus sobrinhos, e não são poucos, resolveram fazer concurso para o Tribunal de Justiça.

Eu já estava trabalhando como Auxiliar Judiciário, aprovada no concurso de 1993. Pediram-me que desse aulas.

Então nos reuníamos na casa de um deles aos finais de semana e estudávamos. Comecei a elaborar apostilas que eram chamadas por eles de "apostilas da Que-Quel".

Ah, devo dizer que também não foi fácil pra mim.

Sou caçula de uma família com dez filhos.

Meus pais, muito humildes, não podiam fazer mais do que faziam. Todos tivemos que nos virar muito cedo.

Mas eles estavam ali.... movidos de esperança. Ensinaram-me que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, não importa quantas vezes choremos... não importa se não chegamos em primeiro lugar... não importa se não alcançamos nossos alvos na primeira tentativa... não importam as adversidades... apenas continuem, dizia meu pai. E o via ali, praticando, ele mesmo, tudo o que ensinava.

E segui.

E então, como dizia, comecei a elaborar apostilas que foram ficando famosas... rsrs


No Fórum onde trabalhava, os colegas começaram a pedir que desse aulas. Mudei o local para minha casa e começamos a estudar.

E veio o concurso de 1997. Prova difícil.
Não obtiveram o êxito esperado. Mas não desistimos.

E veio o concurso de 2001. Estava já há algum tempo no TJ e resolvi que precisava mudar de cargo. Precisava passar para Analista. O que fazer? Pedi um mês de licença-prêmio e me tranquei em casa.

Prestem atenção. Tranquei-me!!! O tempo jogava contra mim. Minha licença foi deferida para 1º de julho de 2001 e a prova seria vinte e um dias depois.


Passava os dias lendo Codejrj e Estatuto e gravando a minha própria voz para escutar mais tarde, enquanto fazia outras tarefas.

Estudei o que pude, como pude.


E aí... em 2001 fui aprovada para Analista Judiciário (antigo Técnico Judiciário Juramentado). Gabaritei as questões de Codjerj e Estatuto.

Pouco tempo depois, estava trabalhando, quando um amigo, Vinícius, sabendo que eu havia gabaritado essas matérias, me convidou para dar aulas em Campo Grande-RJ.

Fui, morrendo de medo. Frio na barriga. Mas fui...

Lembra?? Jamais desistir!


Parece que gostaram... Daqui a pouco, ele mesmo , Vinícius, ao ser convidado para dar aulas em um curso da Barra, indicou meu nome para substituí-lo.

E lá fui eu... Assim, foram conhecendo meu trabalho.

Logo, estava sendo convidada para outro curso... e outro... e outro...


E tenho dado aulas desde então. A cada concurso, um novo desafio.

As apostilas da "Que-Quel" foram transformadas em apostilas da Professora Raquel Tinoco.

Amanda, minha sobrinha, está hoje no TJ-PR.

Outros sobrinhos seguiram rumos diferentes, sempre em frente, sempre na direção de seus sonhos. Estão chegando lá.


Meus alunos tornaram-se meus amigos e isso não tem preço.

Meu maior incentivo?? É acompanhar cada resultado e torcer por:

Admares, Alessandras, Alexandres, Alines, Amandas, Andréias, Andrezzas, Anicks, Arianes, Biancas, Bias, Brunos, Calixtos, Carlas, Carlos, Carlinhos, Carolinas, Carolines, Cidas, Christians, Constanças, Cristianes, Daniéis, Danielles, Deises, Denises, Diogos, Drês, Dris, Eneas, Fabíolas, Fábios, Fernandas, Filipes, Flávios, Freds, Giselas, Giseles, Ghislaines, Glórias, Hannas, Henriques, Ianos, Ilanas, Isabéis, Isabelas, Israéis, Ivanas, Ivans, Izadoras, Jackies, Jacques, Janes, Joões, Jeans, Julianas, Kayenes, Kátias, Lenes, Léos, Lúcias, Lucianas, Lucianos, Ludymilas, Luízas, Luzias, Magnos, Marcelas, Marcélis, Marcellas, Marcelles, Márcias, Marcys, Marianas, Marias, Megs, Meles, Mônicas, Patrícias, Pattys, Paulos, Pedros, Pritzes, Rafas, Rafaéis, Raphas, Raquéis, Renatas, Renées, Robertas, Robertos, Rodrigos, Rogérias, Silvanias, Simones, Sérgios, Suelens, Suellens, Tassianas, Tatis, Vanessas, Vicentes, Wilsons....

Deus os abençoe.

não desista!

não desista!

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