No verão passado tínhamos um canteiro de margaridas que atravessava o jardim. Foram plantadas fora da época ideal, mas como floresceram!!!
Quando as do meio já estavam com sementes, dos lados ainda havia pequenas margaridas recém-abertas. Chegaram os primeiros frios do inverno e junto com ele as primeiras geadas.
Um dia encontrei aquela maravilha completamente aniquilada. Pensei: "Ah! o frio foi demais para elas, coitadinhas, morreram". E dei-lhes adeus.
Eu não gostava de olhar aquele canteiro, pois ele me parecia um cemitério de flores. Mas algumas semanas atrás, o jardineiro chamou minha atenção. Por toda extensão daquele canteiro as margaridas brotavam em grande abundância.
Para cada planta que eu julgara destruída pelo inverno, havia muitas plantas novas, plantadas pelo mesmo inverno. O que haviam feito aquelas geadas e ventos fortes?
Tomaram minhas flores, deram-lhes um golpe mortal, derrubaram-nas ao solo, pisaram-nas com sua sola de gelo e, terminado o trabalho disseram: "Aí está o seu fim".
Mas na primavera havia, para cada raiz, plantas novas. Testemunharam e disseram: "Pela morte, vivemos".
Não tenha medo do sofrimento. Não tenha medo de ser derrubado. É através de sermos abatidos e não destruídos, é através de sermos despedaçados e os pedaços feitos em pó, que nos tornamos pessoas valorosas, onde uma vale por mil.
A pessoa que cede à aparência das coisas vai com o mundo, tem um florescimento rápido, uma prosperidade momentânea, e então o seu fim é um fim para sempre.
Adaptado de Mananciais no Deserto
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