"Porto Príncipe - Haiti - 9 de fevereiro de 2010 14:13:41 - 27 dias após o terremoto
Estou voltando, querida.
Hoje é o último dia desta etapa, mas ainda não é o meu último dia no Haiti e confesso que estou indo com o coração em chamas.
Aqui no hospital trabalham alguns meninos haitianos e um deles, o Williams, despertou a minha atenção, pelo seu jeito triste e introspectivo, não muito diferente dos demais, mas ele tinha algo que me inquietava e me faltava coragem pra querer saber dos seus problemas, mas Deus tem a sua forma de agir e o meu encontro com o williams foi inevitável.
O Williams tem dezoito anos e é o filho mais velho dentre os seis irmãos. Ele perdeu a casa e o pai no terremoto do dia 12 e teve que assumir o sustento da família.
Sua mãe deu as duas filhas mais novas para uma família francesa, pois não tinha como sustentá-las e hoje o resto da família mora na rua e passa fome, nada diferente do drama de milhões de haitianos.
No domingo passado, eu precisei que ele me fizesse um favor e disse que lhe pagaria pelo serviço. Ao final do serviço eu lhe dei oito dólares e percebi que ele ficou desapontado com aquela quantia, então eu o perguntei se era pouco e ele disse que precisava de vinte dólares para comprar uma barraca de campping para mãe e para os irmãos dele.
Raquel, vc não imagina o que eu fiz! Dei os vinte dólares, peguei as barracas que trouxemos e dei pra ele, três iglus. Não satisfeito, mandei trazer a minha barraca de campping e se pudesse, daria o nosso acampamento inteiro. Ele parecia não acreditar e pude ver lágrimas nos olhos do menino, enquanto me agradecia e dizia que a mãe dele estava orando por todos nós.
A partir daí, procurei saber um pouco mais sobre a família dele e descobri que ele tem um tio que é pastor e cuida de um orfanato com cinquenta crianças, que estão na rua e passando fome. Pedi pra ele trazer o tio, pra me certificar de toda a história e hoje pela manhã, eu tive o prazer de conhecê-lo. Pastor Aladin Calixte, está de chapéu em uma das fotos.
Conversamos muito e ele me contou o drama que está vivendo pra manter as crianças, sem um abrigo, comida, água e medicamentos. O atendimento médico e a distribuição de medicamentos será feito aqui no hospital, mas ainda falta muito.
Ele quer construir um abrigo e isso fica em torno de cinco mil dólares, disse-lhe que tentaria levantar essa quantia no Brasil e uma quantia mensal para ajudar na manutenção do orfanato.
É isso, minha irmã, o meu coração está em chamas e sei que o desafio é grande, mas estou tranquilo, porque isso não é obra do acaso, Deus está no controle.
Bjos e até mt breve"
Sérgio e Pr. Calixte (de chapéu)
Estou voltando, querida.
Hoje é o último dia desta etapa, mas ainda não é o meu último dia no Haiti e confesso que estou indo com o coração em chamas.
Aqui no hospital trabalham alguns meninos haitianos e um deles, o Williams, despertou a minha atenção, pelo seu jeito triste e introspectivo, não muito diferente dos demais, mas ele tinha algo que me inquietava e me faltava coragem pra querer saber dos seus problemas, mas Deus tem a sua forma de agir e o meu encontro com o williams foi inevitável.
O Williams tem dezoito anos e é o filho mais velho dentre os seis irmãos. Ele perdeu a casa e o pai no terremoto do dia 12 e teve que assumir o sustento da família.
Sua mãe deu as duas filhas mais novas para uma família francesa, pois não tinha como sustentá-las e hoje o resto da família mora na rua e passa fome, nada diferente do drama de milhões de haitianos.
No domingo passado, eu precisei que ele me fizesse um favor e disse que lhe pagaria pelo serviço. Ao final do serviço eu lhe dei oito dólares e percebi que ele ficou desapontado com aquela quantia, então eu o perguntei se era pouco e ele disse que precisava de vinte dólares para comprar uma barraca de campping para mãe e para os irmãos dele.
Raquel, vc não imagina o que eu fiz! Dei os vinte dólares, peguei as barracas que trouxemos e dei pra ele, três iglus. Não satisfeito, mandei trazer a minha barraca de campping e se pudesse, daria o nosso acampamento inteiro. Ele parecia não acreditar e pude ver lágrimas nos olhos do menino, enquanto me agradecia e dizia que a mãe dele estava orando por todos nós.
A partir daí, procurei saber um pouco mais sobre a família dele e descobri que ele tem um tio que é pastor e cuida de um orfanato com cinquenta crianças, que estão na rua e passando fome. Pedi pra ele trazer o tio, pra me certificar de toda a história e hoje pela manhã, eu tive o prazer de conhecê-lo. Pastor Aladin Calixte, está de chapéu em uma das fotos.
Conversamos muito e ele me contou o drama que está vivendo pra manter as crianças, sem um abrigo, comida, água e medicamentos. O atendimento médico e a distribuição de medicamentos será feito aqui no hospital, mas ainda falta muito.
Ele quer construir um abrigo e isso fica em torno de cinco mil dólares, disse-lhe que tentaria levantar essa quantia no Brasil e uma quantia mensal para ajudar na manutenção do orfanato.
É isso, minha irmã, o meu coração está em chamas e sei que o desafio é grande, mas estou tranquilo, porque isso não é obra do acaso, Deus está no controle.
Bjos e até mt breve"
Sérgio e Pr. Calixte (de chapéu)
Sérgio e Williams
Guapimirim, 10 de fevereiro de 2010 - 23:00 - Sérgio está em casa.
Seja bem-vindo!!!
Com certeza, nada disso vem do acaso e consguiremos, sim, ajudar as crianças.
Seja bem-vindo!!!
Com certeza, nada disso vem do acaso e consguiremos, sim, ajudar as crianças.
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