domingo, 31 de agosto de 2008

Minha mãe, minha força...

Escrevi na semana passado sobre meu pai e o que ele representa em minha vida. Não poderia deixar de escrever sobre minha mãe.

Ruth Tinoco da Costa nasceu em Natividade-RJ, em 18 de junho de 1926. Tem hoje 82 anos. Forte e decidida, esteve ao lado de meu pai por 61 anos.

Esteve sempre muito presente em nossas vidas e não dormia enquanto não chegavam à casa, todos os filhos.

Ela reside comigo e conviver com ela é um aprendizado diário. Precisa de apoio para caminhar e passa a
maior parte do dia em seu quarto, deitada.

Imaginávamos que minha mãe, diferentemente de meu pai, cuja força era notória, iria se entregar quando as adversidades da vida chegassem. Não conseguíamos vê-la sem meu pai e por isso aguardamos que pouco tempo depois de sua morte, minha mãe o acompanharia.

Mas... nada disso. De onde não podíamos esperar, ela buscou forças. Sim, você pode pensar que minha mãe é uma velhinha amarga, rabujenta e resmungona. Enganou-se. Minha mãe... ah, minha mãe é altruísta, divertida, alegre, corajosa, forte, otimista... etc.

Lembro-me de ouvi-la orando por cada filho, nominalmente. Lembro-me dela indo à rua em Senador Camará defender seus filhos. Lembro-me de ca
da história bíblica que me contava e de todos os seus personagens.

Lembro-me das histórias folclóricas e das canções de ninar.

Lembro-me das poesias que lia para mim e me incentiva a decorar.

Abriu mão de sua vida para viver a nossa.

Após a morte de meu pai, minha mãe passou por uma cirurgia. Os médios a avisaram de que, pela sua idade e por seu estado de saúde, poderia não sair viva dela. No dia da cirurgia, estávamos lá, esperando os médicos, quando a maca chegou. Minha mãe olhou para os enfermeiros e disse: "até que enfim, pensei que não viriam..."

Após a cirurgia permaneceu no hospital por mais um longo tempo, para que eles a observassem. Chegou o dia de ir embora. Teve alta. A levei para minha casa. Ela começou a ter algumas reações que não entendia bem. Nenhum alimento parava em seu estômago. Final de agosto de 2005. Fiquei preocupada.

O dia amanhaceu, era 02 de setembro de 2005, meu aniversário. Minha começou a se sentir mal.
Liguei para os médicos e pedi esclarecimentos de como proceder. Eles pediram que a levasse urgentemente para o hospital.

Passei todo o dia ao lado da minha mãe, enquanto fazia inúmeros exames. Foi internada novamente. Os rins estavam paralisados. Precisava ser submetida à terapia de hemodiálise.

Estranho que minha mãe, após descobrir sua diabetes e ficar ouvindo os médicos falarem que s
e não tivesse cuidado ia fazer hemo, repetia sempre, como em uma prece desesperada a Deus: "eu não quero ficar naquela máquina". E lá estava ela, "naquela" máquina.

Pensei: é o fim. Não irá suportar.

Mas não conhecia ainda a fibra de que era feita minha mãe.

Achava que era de linho fino, mas é de diamante, não quebra, não risca, não se desfaz.

É eterna.

Ela vem fazendo a terapia desde então. Procuro tornar isso o mais fácil possível. Invento histórias, faço brincadeiras, mas cada vez que a deixo na porta daquela sala, dou-lhe um beijo na testa e digo: "fica com Deus", sei que durante a sessão, posso não ver mais o seu sorriso.
Isso acontece todas as segundas e sextas. Cada vez que a sessão de hemo termina, sinto como se uma batalha fosse vencida. E lá vem ela, sorrindo ao me ver. Pergunta: "esperou muito, minha filha?" "Não mãe, não esperamos nada..."

Minha mãe não reclama, não a vejo triste. Está sempre implicando conosco, nos pregando peças e nos fazendo rir.

Cada manhã, cada noite é nova.

Todos os dias, acordo e vou ao seu quarto. A rotina: "bom dia, Ruth. Dormiu bem?" "sim, dormi". Sento em sua cama, dou-lhe um abraço e saio para trabalhar. À noite, antes de dormir, vou cuidar dela, dou-lhe outro beijo e digo: "boa noite, mãe. Dorme com Deus" "Você também, minha filha. Dorme com Deus e muito obrigada por tudo o que faz por mim".

Acho que ela não tem noção de que não fazemos nada por ela, mas ela é quem faz por nós.

Sempre digo a ela que meu pai está lá, num banquinho na porta do céu, esperando por ela.

Às vezes, quando estou na sala, próxima ao quarto dela, preparando as apostilas e o material para as aulas e o blogue, ouço sussurros e penso ouvi-la perguntando a Deus se meu pai continua no banquinho e se vai demorar muito para encontrá-lo... logo depois ouço a sua voz: "Raquel, tem café?"

12 comentários:

Unknown disse...

AH FORREST TINOCO...ESSAS SUAS HISTÓRIAS....ACHO QUE MEU MOUSE ATÉ JÁ SABE QUE QUANDO CLICO NESSE BLOG ELE SERÁ BANHADO COM ALGUMAS LÁGRIMAS...
PENSE EM ESCREVER ESSAS HISTÓRIAS P/ O MUNDO....NÃO DESISTA DISSO!
BEIJO.

Professora Raquel Tinoco disse...

He, he... O que seria de nossa existência sem nossas raízes e histórias?? Estou pensando, pode deixar. Beijos

Unknown disse...

Querida Raquel,
Saiba que vc sepre me deixa em prantos quando leio suas histórias e concordo com a Carla quanto ao assunto de vc escrever um livro.Sabe hj quando estava lendo o depoimento sobre sua mãe me recordei de todos os momentos maravilhosos que tenho com minha mãe Rute e todos que ainda estão por vir, pq ela é meu chão!
Obrigada!!!
olha acho que hj é seu aniversário, né!???então Parabens!!
grande bjo aryana

Professora Raquel Tinoco disse...

Sim, é. Obrigada. Estou cada vez mais tentada a escrever. Vcs estão me incentivando. Beijos

Unknown disse...

Exemplo e dedicação; garra e perseverança; luta e paixão. Alguém a ser tomado como padrão.

Professora Raquel Tinoco disse...

Oi meu amor. Obrigada por tudo o que tem representado na minha vida, inclusive nessa convivência com a minha mãe.

ana p disse...

RAQUEL,VOCÊ É UMA FILHA DE OURO!!!!
OS SEUS PAIS ESTÃO DE PARABÉNS PELA FILHA MARAVILHOSA QUE VOCÊ É.
QUE DEUS TE ILUMINE SEMPRE!!!!!
VOCÊ COM CERTEZA É UM EXEMPLO DE PESSOA EM TODOS OS SENTIDOS!!!
SE EU JÁ TE ADMIRAVA ANTES,AGORA ENTÃO!
NÃO TEM COMO NÃO SE EMOCIONAR NO SEU BLOG.
QUE DEUS CONTINUE TE DANDO TODA ESSA FORÇA PRINCIPALMENTE AS 2 E 6FEIRAS.
VOCÊ ME EMOCIONOU MUITO!!!!
NADA É POR ACASO!!!!
QUANDO TEMOS QUE PASSAR POR CERTAS COISAS,NÃO TEM JEITO.
MÃE SÓ TEMOS UMA!
TODAS AS NOITES E PELAS MANHÃ DÊ UM BEIJO CARINHO NELA!
VOCÊ NEM TEM IDÉIA DE QUEM EU SEJA!
UM BEIJO
ATÉ AS AULAS DE ESTATUTO 5ªF NO MG

Professora Raquel Tinoco disse...

Oi Ana. Obrigada. Sim, eu aprendi que pais a gente só tem uma vez. Beijos

kel64 disse...

Bom..Deus é mesmo fantástico. Nunca duvido disso. Eu estava atrás de exercícios para o TRE-Mg e indo ao Google, digitei juízos e cartórios. Qual primeira informação? Seu blog. Passei esta tarde de domingo lendo e revendo os exercícios junto com meu material. Depois, fui ler sobre voce, o comentários e tal. Linda hist´roia. E lendo a da sua mãe, vi que ela nasceu em Natividade, pertinho de Tombos, de onde eu sou. Rs..Lindo ,né? E eu tambem me chamo Raquel. E tambéma acho a história de Raquel e Labão muito bonita. Obg professora "xará".Bjo bjo. Deus sempre

Professora Raquel Tinoco disse...

Oi Xará. Seja bem-vinda. Deus a abençoe. Beijos

gabriel disse...

Esta lançada oficialmente a campanha "Tia Raquel queremos suas histórias nas livrarias" Você é um exemplo a ser seguido...acabo de passar num concurso e devo muito a RAQUEL TINOCO (suas aulas e apostilas)Muito obrigado professora e que Deus continue sempre te abençoando!!!

Professora Raquel Tinoco disse...

Ha, ha, ha... Obrigada Gabriel. Mas me conte. Em que concurso? Precisa contar aos outros sua história de sucesso. Um livro??? Hum, vou pensar... Beijos

Tudo começou quando...

meus sobrinhos, e não são poucos, resolveram fazer concurso para o Tribunal de Justiça.

Eu já estava trabalhando como Auxiliar Judiciário, aprovada no concurso de 1993. Pediram-me que desse aulas.

Então nos reuníamos na casa de um deles aos finais de semana e estudávamos. Comecei a elaborar apostilas que eram chamadas por eles de "apostilas da Que-Quel".

Ah, devo dizer que também não foi fácil pra mim.

Sou caçula de uma família com dez filhos.

Meus pais, muito humildes, não podiam fazer mais do que faziam. Todos tivemos que nos virar muito cedo.

Mas eles estavam ali.... movidos de esperança. Ensinaram-me que nunca devemos desistir dos nossos sonhos, não importa quantas vezes choremos... não importa se não chegamos em primeiro lugar... não importa se não alcançamos nossos alvos na primeira tentativa... não importam as adversidades... apenas continuem, dizia meu pai. E o via ali, praticando, ele mesmo, tudo o que ensinava.

E segui.

E então, como dizia, comecei a elaborar apostilas que foram ficando famosas... rsrs


No Fórum onde trabalhava, os colegas começaram a pedir que desse aulas. Mudei o local para minha casa e começamos a estudar.

E veio o concurso de 1997. Prova difícil.
Não obtiveram o êxito esperado. Mas não desistimos.

E veio o concurso de 2001. Estava já há algum tempo no TJ e resolvi que precisava mudar de cargo. Precisava passar para Analista. O que fazer? Pedi um mês de licença-prêmio e me tranquei em casa.

Prestem atenção. Tranquei-me!!! O tempo jogava contra mim. Minha licença foi deferida para 1º de julho de 2001 e a prova seria vinte e um dias depois.


Passava os dias lendo Codejrj e Estatuto e gravando a minha própria voz para escutar mais tarde, enquanto fazia outras tarefas.

Estudei o que pude, como pude.


E aí... em 2001 fui aprovada para Analista Judiciário (antigo Técnico Judiciário Juramentado). Gabaritei as questões de Codjerj e Estatuto.

Pouco tempo depois, estava trabalhando, quando um amigo, Vinícius, sabendo que eu havia gabaritado essas matérias, me convidou para dar aulas em Campo Grande-RJ.

Fui, morrendo de medo. Frio na barriga. Mas fui...

Lembra?? Jamais desistir!


Parece que gostaram... Daqui a pouco, ele mesmo , Vinícius, ao ser convidado para dar aulas em um curso da Barra, indicou meu nome para substituí-lo.

E lá fui eu... Assim, foram conhecendo meu trabalho.

Logo, estava sendo convidada para outro curso... e outro... e outro...


E tenho dado aulas desde então. A cada concurso, um novo desafio.

As apostilas da "Que-Quel" foram transformadas em apostilas da Professora Raquel Tinoco.

Amanda, minha sobrinha, está hoje no TJ-PR.

Outros sobrinhos seguiram rumos diferentes, sempre em frente, sempre na direção de seus sonhos. Estão chegando lá.


Meus alunos tornaram-se meus amigos e isso não tem preço.

Meu maior incentivo?? É acompanhar cada resultado e torcer por:

Admares, Alessandras, Alexandres, Alines, Amandas, Andréias, Andrezzas, Anicks, Arianes, Biancas, Bias, Brunos, Calixtos, Carlas, Carlos, Carlinhos, Carolinas, Carolines, Cidas, Christians, Constanças, Cristianes, Daniéis, Danielles, Deises, Denises, Diogos, Drês, Dris, Eneas, Fabíolas, Fábios, Fernandas, Filipes, Flávios, Freds, Giselas, Giseles, Ghislaines, Glórias, Hannas, Henriques, Ianos, Ilanas, Isabéis, Isabelas, Israéis, Ivanas, Ivans, Izadoras, Jackies, Jacques, Janes, Joões, Jeans, Julianas, Kayenes, Kátias, Lenes, Léos, Lúcias, Lucianas, Lucianos, Ludymilas, Luízas, Luzias, Magnos, Marcelas, Marcélis, Marcellas, Marcelles, Márcias, Marcys, Marianas, Marias, Megs, Meles, Mônicas, Patrícias, Pattys, Paulos, Pedros, Pritzes, Rafas, Rafaéis, Raphas, Raquéis, Renatas, Renées, Robertas, Robertos, Rodrigos, Rogérias, Silvanias, Simones, Sérgios, Suelens, Suellens, Tassianas, Tatis, Vanessas, Vicentes, Wilsons....

Deus os abençoe.

não desista!

não desista!

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