domingo, 19 de abril de 2009

Combustível



"Fazia já um bom tempo que o pavio da minha lamparina me servia, trabalhando silenciosamente, todas as vezes que eu vinha ler junto dela. Senti vergonha por nunca haver reconhecido o serviço que ele me prestava de forma tão discreta. Então lhe disse:
Justificar- Pavio, quero lhe agradecer pelo serviço que você tem me prestado durante tanto tempo!

- O que foi que eu fiz? Indagou ele.

- Você não tem iluminado os livros que leio?

- Na verdade, não. Em mim mesmo, não possuo nenhuma luz. Se quer a prova, retire-me desse recipiente de azeite e verá que imediatamente me apago. Serei apenas um pedacinho de estopa fumegante e você até virará o rosto. Não sou eu quem produz a luz, mas o azeite no qual meu tecido está embebido. É isso que produz a claridade. Eu apenas sirvo de mediador entre o azeite do recipiente e a chama. Essa ponta queimada, pouco a pouco vai se acabando, mas a luz brilha continuamente.

- E você não tem receio de que se acabe? Repare quantos centímetros de tecido ainda restam! Será que poderá continuar iluminando o ambiente à medida que cada pedacinho seu vai ficando queimado e sendo aparado?

- Não tenho medo nenhum, desde que não falte azeite e que alguma mão caridosa, de vez em quando, venha cortar a ponta chamuscada para que o fogo arda numa ponta limpa. Só preciso desses dois cuidados: o azeite e a apara. Tendo isso, arderei até o fim."

O trecho acima, retirado do livro Fontes no Vale, de Lettie Cowman, me fez pensar.

O pavio? Somos nós. O combustível? Nós escolhemos. A apara? Os obstáculos e adversidades que enfrentamos.

Para que haja luz em nós, para que os nossos caminhos sejam vitoriosos, precisamos escolher o combustível certo.

Quantas vezes optamos pelo pessimismo ao invés de otimismo?

Quantas vezes optamos em desistir sem ao menos tentar?

Quantas vezes recuamos ao nos depararmos com o primeiro obstáculo?

Quantas vezes desistimos dos outros e até de nós mesmos?

Quantas vezes encharcamos o pavio na autocomiseração, no derrotismo?

Ficamos tentando achar uma desculpa para a possível derrota, antes mesmo que ela ocorra. Já nos preparamos para as explicações como se o fracasso não nos pudesse ensinar nada. Muitas vezes, o medo de errar, de fracassar nos torna estáticos, incapazes de avançar.

Mas, entenda, nem sempre ganharemos, e daí? O sofrimento que vem com a derrota também pode ser combustível de qualidade para que a chama de nossa vida continue forte.

Esperamos uma vida inteira de vitórias como se as guerras fossem vencidas por simples mágica, sem esforço, sem trabalho, sem preparo.

A estratégia para a vitória está sim, em reconhecermos nossos pontos vulneráveis e atacá-los, não utilizá-los como justificativa. Precisam ser blindados para que percam a vulnerabilidade.

A renovação pode nos custar algumas lágrimas, mas se não permitirmos que aconteça, a chama estará comprometida. Haverá apenas um pedacinho de tecido chamuscado, com uma luz fraca, quase imperceptível, incapaz de iluminar qualquer ambiente. O aparar do pavio renova o tecido, faz a chama mais forte, mais resistente ao vento.

Foto: http://images.google.com.br

3 comentários:

  1. Obrigado Raquel, sempre é bom ler as suas postagens. Você sempre traz algo que "acalma" a vida do concurseiro. Obrigado.

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  2. Oi Professora? me chamo Helena e comecei a estudar para o concurso do TRE-Ce, sendo que nunca estudei Juridico. Na sua opinião a senhora acha que eu tenho chance, de aprender essa matéria tão complexa. Na verdade estou estudando sozinha e já entendi algumas cooisinha peculiares a matéria, resolvi entrar em cursinho será que fiz certo. Obrigada se me responder vou ficar feliz..

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